Os espaços institucionais de reabilitação social têm como uma das principais características a supressão da individualidade, obtida por mecanismos de opressão e padrões de conduta que impedem a expressão da individualidade.
 Considerando o contexto das instituições de reabilitação social e as precárias condições materiais e socioculturais em que se encontravam as mulheres e adolescentes internas, a hipótese de que o trabalho fotográfico permite criar mecanismos de reconstrução da identidade e da auto-estima foi confirmada, já que elas encontraram impulsos de resguardo da identidade.  Em um contexto privado de individualidade, as internas passaram a revelar suas próprias emoções à medida que representavam seus sentimentos por meio de cores num suporte material à própria fotografia, num processo de dar visibilidade à sua pessoa.
 Antes de mais nada, o trabalho realizado requer um espaço de tempo que permita a aproximação entre a fotógrafa e as pessoas envolvidas. Pelo fato de as internas apresentarem algum tipo de comprometimento psicológico/psicomotor ou mesmo pela falta de intimidade com a câmera, as sessões de auto-retrato foram realizadas por Ruman, que posteriormente entregava as fotografias para as internas. A partir daí, elas faziam as intervenções no suporte fotográfico utilizando material de pintura e desenho, com o objetivo de trabalhar as sensações e os sentimentos em um processo de associação entre cores e emoções. Nesse trabalho de devolução estabelecido entre fotógrafa e internas, estas  trabalham com a materialidade na qual podem intervir, e nesse processo modificam suas próprias atitudes. A possibilidade de guardar seus retratos no final do processo lhes permite voltar constantemente a essa identidade recuperada.

You may also like

Back to Top