Algumas religiões não permitem a participação das mulheres em rituais quando estão menstruando, outras pregam que elas não devem ser tocadas. Algumas crenças populares propagam que as claras em neve desandam e que bolos e pães não crescem quando preparados por uma mulher menstruada; também os japoneses pensam que o sushi não deve ser feito por mulheres neste estado. 
Há quem acredite que mulher menstruada não faz sexo pois associam sua sexualidade somente a procriação. Algumas tribos norte americanas consideram que as mulheres menstruadas se encontram em estado de Lua; assim, constroem uma Tenda da Lua onde as mulheres menstruadas se recolhem e, desnudas, menstruam diretamente na terra, queimam ervas e entoam cantigas enquanto oferecem seu sangue à terra sob os cuidados da Avó Protetora da tenda e do fluxo menstrual.
Foi refletindo neste contexto e vivenciando a mudança no meu relacionamento com meu sangue que fui construindo este trabalho. Nele recupero fotos, imagens capturadas desde 1984 e intervenho sobre elas com objetos, outras fotos (metafotografia), pigmentos naturais como o Urucum, extrato de Genipapo e Juçara, colagem, costura, acrílico, sangue menstrual e vitamina c, entre outros materiais.
Sangro logo existo no Vaticano
(2011)
"Evelyn Ruman conta que desembarcou no Vaticano sentindo-se uma espiã da Guerra Fria. Ela tinha se imposto uma missão arriscada, subversiva. Dentro do bolso da sacola de equipamento fotográfico havia um vidrinho com um líquido vermelho e um tanto viscoso. Evelyn se agachou, abriu a tampa e jogou seu conteúdo no chão. O fluido se espalhou sobre a calçada, as pedras. Ela sacou a câmera fotográfica e começou a documentar sua transgressão. Desenrolou a imagem de uma mulher nua, de costas, e a estendeu no chão. O vermelho agora escorria de interiores femininos. Nenhum guarda apareceu para impedi-la, nenhum turista a perturbou. Missão cumprida. Evelyn acabara de jogar sangue menstrual no centro do poder católico. Por que você quis fazer isso?, pergunto a ela. “Porque a Igreja Católica representa tudo aquilo que vem oprimindo as mulheres por séculos, tornando a vagina algo feio e fazendo do sangue menstrual uma coisa nojenta.”

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